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>Mato Grosso: universalização do saneamento pode gerar ganhos de R$ 27,9 bi em diversos setores 

Estudo do ITB busca jogar luz ao impacto que o acesso pleno aos serviços básicos terá para a saúde, educação, turismo, mercado imobiliário e geração de empregos da população mato-grossense

O Instituto Trata Brasil, em parceria com a EX ANTE Consultoria Econômica, lançou recentemente o estudo Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento em Mato Grosso, com intuito de apresentar os diversos ganhos socioeconômicos que o estado teria a partir da universalização do acesso à água potável e da coleta e tratamento de esgoto. O estado ainda está distante de alcançar as metas estabelecidas pelo Marco Legal do Saneamento Básico, no qual, todas as localidades do país devem levar água potável para 90% dos habitantes e 90% de coleta e tratamento de esgoto até 2033.

Segundo informações presentes no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), de 2021, Mato Grosso atende 85,9% da população com a água potável e 58,7% com coleta de esgoto, enquanto pouco mais da metade (51,3%) do esgoto gerado é tratado – número que equivale ao despejo de 127 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento todos os dias na natureza. Ademais, o estado da região Centro-Oeste perde 48,4% da água potável produzida nos sistemas de distribuição, ou seja, todo esse volume do recurso hídrico é desperdiçado antes de chegar nas residências mato-grossenses.

Para analisar os benefícios que Mato Grosso teria com a expansão dos serviços básicos, o relatório compreende o período até 2040, prazo limite para a universalização do saneamento de acordo com o Novo Marco Legal do Saneamento Básico. 

Sendo assim, entre o período de 2023 e 2040, os benefícios devem exceder os custos em R$ 27,9 bilhões, indicando um balanço social bastante positivo para a região. Essa relação indica que para cada R$ 1,00 investido em saneamento, o Mato Grosso deve ter ganhos sociais de R$ 4,80, um retorno maior que o esperado para a região Centro-Oeste do Brasil e para a média nacional. Além disso, no período haverá um movimento crescente de geração de emprego e renda durante a fase de expansão das redes e a estabilização num patamar de 16.500 postos de trabalho na região.

Para exemplificar os diversos ganhos que a universalização traria ao estado, o relatório busca apresentar os potenciais benefícios do acesso pleno aos serviços básicos em Mato Grosso, que irão contribuir para a saúde da população, como também na educação, renda e geração de empregos.

Um dos ganhos socioeconômicos será na saúde da população. Estima-se que haverá redução do custo com horas pagas e não trabalhadas em razão do afastamento por doenças associadas à falta de saneamento: entre 2023 e 2040, o valor presente da economia total com a melhoria das condições de saúde da população deve ser de R$ 305 milhões, que resultará num ganho anual de cerca de R$ 17 milhões. Além disso, a redução de internações por doenças de veiculação hídrica impactará positivamente a saúde dos trabalhadores, ou seja, devido à dinâmica futura do saneamento no estado do Mato Grosso, estima-se que haverá um forte aumento de produtividade. O valor presente do aumento de renda do trabalho com a expansão do saneamento entre 2023 e 2040 será de R$ 17,6 bilhões, que resultará num ganho anual de R$ 977 milhões. 

Para a economia do estado, em termos de renda imobiliária, estima-se que o ganho para os proprietários de imóveis que alugam ou que vivem em moradia própria será de R$ 120 milhões por ano, o que totalizará um ganho a valor presente de R$ 2,2 bilhões entre 2023 e 2040. Outro setor importante que será beneficiado é o turismo: entre 2023 e 2040, o valor presente dos ganhos com o turismo deve alcançar R$ 3,3 bilhões, indicando um fluxo médio anual de R$ 181 milhões no período. Esse ganho é fruto da valorização ambiental que pode ser obtida com a despoluição dos rios e córregos e a oferta universal de água tratada, pré-condições para o pleno exercício das atividades de turismo. 

Para Luana Pretto, Presidente Executiva do Instituto Trata Brasil, as informações presentes no estudo jogam luz sobre a importância do avanço do saneamento básico em Mato Grosso.

“A ausência de saneamento tem implicações imediatas sobre a saúde e a qualidade de vida da população. Por outro lado, a universalização do acesso à água potável e aos serviços de coleta e tratamento de esgoto tem como consequências incontáveis ganhos socioeconômicos e ambientais. Para cada R$1,00 investido em saneamento, o estado do Mato Grosso deve ter ganhos sociais de R$4,80, o que representa um ganho de R$27,9 bilhões, em benefícios líquidos entre 2023 e 2040. Estamos falando de redução de custo com saúde, ganho de produtividade e valorização ambiental. Ou seja, o acesso pleno dos serviços básicos no estado impactará e deixará um futuro promissor para a população mato-grossense” – finaliza a executiva.