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>Saneamento básico apresenta peso menor na renda das famílias comparado com à energia elétrica e telecomunicações

Estudo divulgado em 2021 mostra que, entre 2008 e 2018, a despesa média nacional das famílias com água e esgoto caiu de R$ 68,86 para R$ 68,20

Lançado em 2021 pelo Instituto Trata Brasil, o estudo: “As Despesas da Família Brasileira com Água Tratada e Coleta de Esgoto”, elaborado em parceria com a Ex Ante Consultoria Econômica, realizou um balanço sobre os gastos familiares com serviços de saneamento básico nas cidades brasileiras, comparativamente a outras infraestruturas (energia, telecomunicações, gás), bem como o que significam esses gastos frente à renda familiar. As análises feitas foram baseadas em informações da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE, com dados até 2018 (a mais recente delas), que coletou diversos indicadores socioeconômicos das famílias brasileiras.

Em resumo, no período entre 2008 e 2018, a despesa nacional média das famílias com as contas de água e esgotos sofreu ligeira queda, passando de R$ 68,86 em 2008 para R$ 68,20 em 2018, o que indica que as famílias brasileiras continuaram pagando basicamente o mesmo valor, sem pressão inflacionária. Os dados também indicam que, em 2018, as despesas das famílias com serviços de telecomunicação foram de R$ 117,31 e de R$ 124,75, em média, com os serviços de energia elétrica. Assim, no período de 2008 a 2018, enquanto as despesas médias reais com eletricidade e telecomunicações cresceram 4,3% e 7,6%, respectivamente, aquelas com água e esgoto caíram 1,0%.

Dentre os dados demonstrados no relatório, foi analisada a despesa com saneamento por faixa do rendimento familiar. No país, em 2018,  25% das famílias brasileiras pertenciam à classe de renda de até R$ 1,9 mil mensais, representando mais de 16 milhões de pessoas. No mesmo ano, nas famílias mais pobres, o custo da energia representava 6% da renda mensal, as telecomunicações 5,6%, saneamento 3,7% e gás (encanado ou botijão) de 3%.

Segundo o relatório, mais da metade das famílias abaixo da linha de pobreza (renda diária per capita de U$ 5,50 conforme conceitos do Banco Mundial) não recebia serviços de água e/ou esgoto coletado. E, entre as famílias que recebiam serviços de saneamento e pagavam por eles, as despesas com saneamento foram quase do mesmo valor que as das famílias que estão acima da linha de pobreza – R$ 53,92 contra R$ 69,49. Este dado indica a importância de alcançar a universalização do saneamento, ao passo que melhorem as políticas de tarifas sociais para grupos de extrema pobreza.

Ao mesmo tempo em que os serviços de saneamento básico avançaram de 2008 para 2018, foi possível detectar estabilidade dos gastos das famílias brasileiras com água encanada e coleta e tratamento dos esgotos e peso real menor na renda familiar comparativamente à energia elétrica e telecomunicações. Importante notar, no entanto, que famílias abaixo da linha pobreza tiveram um peso com custos de saneamento similar ao das que estão acima em renda, o que indica a necessidade de se aperfeiçoar as políticas tarifárias para este grupo mais desfavorecido – confira o relatório completo em: https://tratabrasil.org.br/