Às vésperas dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, Lars Grael, embaixador do Trata Brasil, analisa o impacto da ausência de saneamento no esporte
O saneamento básico é um dos pilares para o desenvolvimento social e econômico de um município. Com acesso pleno aos serviços de água e esgotamento sanitário, ocorrem uma série de benefícios tanto para a população quanto para o meio ambiente. Entre os ganhos, o saneamento desempenha um papel crucial para a promoção da prática esportiva.
Lars Grael, ex-velejador campeão mundial e medalhista olímpico, fundador do Projeto Grael e embaixador do Trata Brasil, destaca que a ausência de saneamento básico impacta diretamente esportes ligados à natureza e à água, como vela e canoagem, além de modalidades como natação em àguas abertas, onde a qualidade da água é fundamental para a segurança dos atletas.
A falta de coleta e tratamento adequado de esgoto contamina corpos hídricos essenciais para essas práticas esportivas, como mares, rios e lagos. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base 2022, revelam que apenas 52,2% do esgoto gerado é tratado, o que equivale a 5,2 mil piscinas olímpicas de esgoto não tratado despejadas na natureza diariamente.
Como aponta Lars Grael, embaixador do Trata Brasil, a contaminação dos rios aumenta significativamente a incidência de doenças de veiculação hídrica. “A falta de saneamento básico é comprovadamente um dos principais fatores de disseminação dessas enfermidades. Assim, ou a prática do esporte será proibida nesses lugares, ou os esportistas que tentam praticar o esporte de alguma forma são contaminados. Esse é um problema muito grave. Investir em saneamento básico é absolutamente necessário”.
A proximidade dos Jogos Olímpicos de Paris, marcados para acontecer entre 26 de julho e 11 de agosto, ressalta ainda mais a importância do saneamento básico. A qualidade da água do Rio Sena, onde ocorrerão as provas de maratona aquática e triatlo, tem gerado uma preocupação global, evidenciando a necessidade de infraestrutura adequada para garantir a prática esportiva segura.
“A conexão entre saneamento básico e esportes vai além do desempenho atlético. Em áreas encharcadas e degradadas com falta do básico, não há prática do esporte” – finaliza Lars Grael.