As perdas de água no estado gaúcho é superior à média nacional
O Rio Grande do Sul, estado que abriga mais de 10,8 milhões de habitantes, perde cerca de 39,5% da água produzida nos sistemas de distribuição, ou seja, todo esse volume não chega de forma oficial às residências gaúchas, um volume superior à média nacional de 37,8%. Essa perda representa o desperdício de 512 piscinas olímpicas de água tratada diariamente. Enquanto isso, mais de 1,3 milhão de habitantes vivem sem acesso à água no estado – conforme apontam os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base de 2022.
De acordo com o estudo de Perdas de Água 2024, lançado pelo Instituto Trata Brasil, essas perdas ocorrem principalmente por vazamentos, consumos não autorizados e erros de medição, refletindo a ineficiência no controle da água tratada pronta para consumo.
Esse cenário não apenas compromete a segurança hídrica da população, mas também afeta diretamente o meio ambiente, especialmente em um contexto de mudanças climáticas onde os desafios para a disponibilidade hídrica se intensificam.
A redução dessas perdas não só aumentaria a disponibilidade de água no sistema de distribuição sem a necessidade de aumentar a captação ou explorar novos mananciais, como também resultaria em custos menores e menor impacto ambiental. Segundo a Portaria 490/2021 do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), para alcançar níveis excelentes de perdas, um município deve ter no máximo 25% de perdas na distribuição e 216 litros por ligação por dia em perdas.
O estudo do Trata Brasil aponta que se o Rio Grande do Sul conseguisse reduzir suas perdas atuais de 39,5% para os níveis estabelecidos pela Portaria 490/2021, o potencial da população abastecida com água potável seria de 1,4 milhão de pessoas, isto é, o estado gaúcho levaria o acesso universal à água potável em todo o seu território.
Diante dos extremos climáticos enfrentados pelo estado, a gestão eficiente do recurso hídrico torna-se crucial no momento de restauração dos municípios gaúchos. É fundamental concentrar os esforços e investimentos na redução de perdas de água, uma vez que este controle é essencial para mitigar os impactos climáticos, promover maior segurança hídrica e fortalecer a infraestrutura das cidades.