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Um ano após enchentes no Rio Grande do Sul, sistemas e planos de drenagem ainda são um desafio no país

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De acordo a Defesa Civil estadual, as enchentes no estado causaram 183 mortes e deixaram 27 pessoas desaparecidas

Em 2024, o Brasil enfrentou uma tragédia devastadora no Rio Grande do Sul. Segundo a Defesa Civil estadual, as enchentes causaram 183 mortes e deixaram 27 pessoas desaparecidas. A dimensão do desastre fez com que 418 dos 497 municípios do estado decretassem estado de calamidade ou emergência durante as inundações.

O Atlas Digital de Desastre no Brasil (2023), que compila dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, revela que, no período de 1991 a 2023, foram registrados 25,94 mil eventos hidrológicos de desastres. Nos últimos 15 anos, 74% desses eventos estiveram relacionados a chuvas intensas. Nesse período, os desastres resultaram em 3.464 mortes e causaram prejuízos econômicos superiores a R$ 151 bilhões, sem considerar os impactos do desastre ocorrido no estado do Rio Grande do Sul em 2024.

A recorrência desses desastres e enchentes expõe a fragilidade da infraestrutura urbana e evidencia a necessidade de integrar a drenagem e o manejo de águas pluviais ao planejamento do saneamento.

O tema desempenha papel fundamental no controle do escoamento das precipitações, prevenindo alagamentos, erosão do solo e deslizamentos de encostas. Essa infraestrutura é particularmente crucial no Brasil que, por sua localização em zona tropical, enfrenta regularmente precipitações intensas, popularmente conhecidas como “chuvas de verão”.

De acordo com um estudo do Instituto Trata Brasil, 32,49% dos municípios brasileiros relataram não possuir qualquer tipo de sistema de drenagem. Na Região Sul, aproximadamente 193 municípios (12%) carecem desses serviços.

A pesquisa revelou, ainda, que apenas 263 municípios, o que representa 5,3% do total, possuem Planos Diretores de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais (PDD), ferramenta essencial para o planejamento estratégico e a redução de riscos associados a eventos hidrológicos extremos.  No Sul do país, 96,6% dos municípios não têm planos de drenagem.

Entre os principais desafios para a efetiva integração da drenagem ao saneamento básico está a necessidade do adequado planejamento e priorização pelos municípios. Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, enfatiza a urgência de elevar o serviço de drenagem e manejo de águas pluviais entre as prioridades da gestão pública.

“O cenário da drenagem e manejo de águas pluviais no Brasil é extremamente precário e isso leva a um risco direto para a vida da população. Com as cada vez mais presentes chuvas intensas, não investir no tema é condenar milhões de brasileiros a uma vida de incertezas. E como vamos evoluir no tema se 94,7% municípios do país não contam sequer com um Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais? Os governantes devem aprender com seus próprios erros e os dos seus antecessores, que historicamente negligenciaram essa questão, e priorizar urgentemente os investimentos em drenagem urbana e manejo de águas pluviais. Portanto, neste primeiro ano dos novos mandatos da Prefeituras de todo Brasil, será preciso encaixar no planejamento municipal e nos respectivos orçamentos a necessidade urgente de soluções de drenagem urbana à população”, finaliza a executiva.

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Trata Brasil

O Instituto Trata Brasil é uma OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, formado por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país.

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