A diferença na renda é de R$ 2.373,41 entre quem tem e não tem acesso aos serviços de água e esgotamento sanitário
Infraestrutura fundamental para o desenvolvimento de um país, o saneamento básico impacta a vida das pessoas em âmbitos sociais, econômicos e ambientais. Entre os maiores desafios para o desenvolvimento do Brasil, estão ainda as cerca de 35 milhões de pessoas sem acesso à água potável e os quase 100 milhões de brasileiros sem os serviços de coleta de esgoto. Além disso, somente 51,2% dos esgotos gerados no país são tratados, o que equivale ao despejo médio de 5,52 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento todos os dias na natureza. Não obstante, o país perde 40,3% da água potável nos sistemas de distribuição, isto é, todo esse volume não chega de forma oficial para as residências dos habitantes.
O acesso à infraestrutura têm efeitos que vão além da melhoria da saúde, na medida em que influencia também as atividades econômicas no país. Segundo informações presentes no Painel Saneamento Brasil, o acesso ao saneamento básico impacta positivamente a remuneração de um(a) trabalhador(a). Os dados mostram que o rendimento do trabalho das pessoas que moram em residências com saneamento básico é de R$ 2.859,78, enquanto a renda das pessoas sem saneamento é de R$ 486,37 – uma diferença de R$ 2.373,41 na renda dos trabalhadores.
Como aponta o estudo de benefícios socioeconômicos atrelados à expansão do saneamento, publicado em 2022 pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a Ex Ante Consultoria Econômica, a universalização do saneamento influenciará no crescimento sistemático da produtividade dos trabalhadores. Uma vez oferecido o acesso aos serviços básicos para um trabalhador que mora em uma área que sofre com a precariedade dessa infraestrutura, espera-se uma melhoria geral de sua qualidade de vida – ocasionada com redução da frequência de afastamentos por doenças associadas à falta de saneamento e a diminuição do número de dias afastado do trabalho, entre outros aspectos. Ou seja, possibilita uma produtividade maior, com efeito direto sobre sua remuneração.
“O saneamento básico é um agente transformador de realidades e a luta pela universalização é também pela busca da melhor qualidade de vida do cidadão, seja na área da saúde, reduzindo doenças por veiculação hídrica, como também na produtividade do trabalho, influenciando a remuneração dos trabalhadores e até mesmo no desenvolvimento escolar de crianças, adolescentes e jovens” – ressalta Luana Preto, Presidente Executiva do Trata Brasil.