Entre as cinco regiões, o Nordeste do país apresentou o maior número de hospitalizações
No mês que celebra o Dia das Crianças, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a Ex Ante Consultoria, lançou o estudo inédito “Futuro em risco: os impactos da falta de saneamento para grávidas, crianças e adolescentes”. A pesquisa aponta como a ausência da infraestrutura básica impacta em todas essas fases da vida, levando a riscos de saúde e a um desenvolvimento prejudicado, do ponto de vista físico e cognitivo, o que resultará em notas mais baixas em todas as fases escolares e a um potencial de renda menor.
Durante a primeira infância, que abrange os seis primeiros anos de vida de uma criança, a falta de saneamento afeta diretamente o desenvolvimento e saúde ao longo desse período. Em 2022, segundo dados do Ministério da Saúde e do IBGE, foram mais de 314 mil internações na infância por doenças de veiculação hídrica e respiratórias.
Tabela 1 – Cobertura de serviços de saneamento e incidência de internações* por doenças de veiculação hídrica e respiratórias na primeira infância, Brasil, regiões e unidades da Federação, 2022
Em áreas sem infraestrutura adequada, a população enfrenta uma maior incidência de doenças de veiculação hídrica, como dengue, cólera e diarreia, decorrentes de água parada ou contaminada. Além disso, doenças respiratórias, como gripe e COVID-19, também são mais frequentes em locais sem saneamento básico.
As localidades com precariedade de acesso aos de serviços de água e esgoto são aquelas que tiveram a maior taxa de incidência de internações por doenças de veiculação hídrica e respiratória. Entre as cinco regiões brasileiras, o Nordeste apresentou o maior número com quase 90 mil crianças hospitalizadas na primeira infância.
Ao analisar os estados, o Maranhão, que conta com apenas 56,6% da população atendida por abastecimento de água tratada e somente 12,7% com coleta de esgoto, registrou mais de 20 mil internações. A taxa de internação por doenças de veiculação hídrica e respiratórias foi de 28 casos a cada 1.000 crianças na primeira infância, a segunda maior entre as unidades da Federação, ficando atrás apenas de Rondônia.
Essas doenças resultam no afastamento das crianças de suas atividades diárias e cria condições desfavoráveis para o desenvolvimento físico e cognitivo, além de aumentar significativamente o risco de vida na primeira infância. Assim, as crianças que vivem em moradias sem condições adequadas de saneamento entram na próxima fase da vida com desvantagens em relação àquelas que residem em locais com saneamento adequado.
Portanto, a eliminação das carências a partir da implementação das políticas de universalização do saneamento básico deve resultar na redução da incidência dessas doenças na primeira infância.