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>Entre 2021 e 2055, Rondônia pode gerar mais de R$ 3 bilhões em ganhos sociais e econômicos com a universalização do saneamento básico

Novo estudo realizado pelo Trata Brasil aponta ganhos que os serviços de água e esgotamento sanitário trariam para o estado nas próximas décadas à luz do novo Marco Legal do Saneamento

O Instituto Trata Brasil lançou o estudo Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento em Rondônia apresentando um novo diagnóstico elaborado pela Ex Ante Consultoria Econômica, com parceria institucional do Ministério Público do Estado de Rondônia, para analisar os ganhos sociais, ambientais e econômicos que essa infraestrutura traria ao estado de Rondônia, um dos piores do país em relação aos serviços de saneamento básico. Atualmente, dos 1,8 milhão de moradores do estado, 958 mil vivem em locais sem acesso à água potável e 1,7 milhão (94%) em locais sem coleta e tratamento dos esgotos, de acordo com dados públicos do SNIS 2019.

O estudo aponta que, uma vez universalizando o saneamento a todos os moradores entre 2021 e 2055, Rondônia pode gerar mais de R$ 3 bilhões de ganhos sociais, ambientais e econômicos, especialmente com redução de gastos com doenças, valorização dos imóveis, geração de empregos e renda, melhorias na educação de jovens e crianças.

Na área da saúde, é estimado que o custo com horas pagas e não trabalhadas em razão do afastamento por diarreia ou vômito e por doenças respiratórias deva cair em R$ 11,8 milhões ao ano graças ao avanço do saneamento. Além disso, haverá redução das despesas com internações por infecções gastrointestinais e respiratórias na rede hospitalar do SUS. O valor presente da economia total com a melhoria das condições de saúde da população dos municípios de Rondônia entre 2021 e 2055 deve ser de R$ 138,9 milhões.

O aumento da produtividade do trabalho é um dos muitos benefícios que a universalização do saneamento básico fornece. Com base no modelo estatístico de determinantes da produtividade e da remuneração do trabalho, estima-se que haverá um forte aumento de produtividade devido à dinâmica futura do saneamento de Rondônia. O valor presente do aumento de renda do trabalho com a expansão do saneamento entre 2021 e 2055 será de R$ 830,7 milhões, que resultará num ganho anual de R$ 23,7 milhões.

Em termos de renda imobiliária, estima-se que o ganho para os proprietários de imóveis que alugam ou que vivem em moradia própria será de R$ 27,9 milhões por ano no conjunto do estado de Rondônia, o que totalizará um ganho a valor presente de R$ 975,4 milhões entre 2021 e 2055, resultando na valorização imobiliária.  

O investimento no saneamento além de melhorar a vida dos habitantes expande a perspectiva de crescimento local e das pessoas. Para o turismo, entre 2021 e 2055, o valor presente dos ganhos deve alcançar R$ 82,1 milhões, indicando um fluxo médio anual de R$ 2,3 milhões no período. Esse ganho é fruto da valorização ambiental que pode ser obtida com a despoluição dos rios e córregos e a oferta universal de água tratada, pré-condições para o pleno exercício das atividades de turismo.

O acesso ao saneamento básico fornece para a população diversos benefícios para melhoria da qualidade de vida. Os serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos levam à melhoria para a saúde Infantil com redução da mortalidade infantil, melhorias na educação, na expansão do turismo, na valorização dos imóveis, na renda do trabalhador, na despoluição dos rios e preservação dos recursos hídricos. Além de benefícios a saúde, os serviços de água e esgoto podem fazer com que uma região se desenvolva de forma promissora, como demonstra o diagnóstico do estudo de Rondônia.

Fernando Garcia de Freitas, economista e pesquisador do estudo, ressalta que os setores da educação e da saúde podem se beneficiar rapidamente com os primeiros avanços do saneamento básico em Rondônia, caso ocorram nos próximos anos. “O estado, em 2019, teve uma incidência de 22,9 internações por doenças de veiculação hídrica a cada 10 mil habitantes contra 13 do Brasil e 14 da região Norte. Foram mais de 4 mil internações por doenças de veiculação hídrica. Isso afastou estudantes e trabalhadores de suas atividades corriqueiras. Essas doenças ocorrem também por pessoas morarem em locais sem banheiro. Os jovens de Rondônia que moravam em habitações sem banheiro de uso exclusivo tiveram nota média 6,8% menor que aqueles que tinham banheiro na moradia”.

*Foto de capa: Nilson Santos e Arquivo Secom*