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>Mais de 26 milhões de mulheres foram afastadas de seus trabalhos por doenças de veiculação hídrica

Mais de 26 milhões de mulheres foram afastadas de seus trabalhos por doenças de veiculação hídrica

Dados de 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde, presentes no estudo do ITB, mostram impacto da ausência de saneamento na vida da população feminina

A segunda edição do estudo  “O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira” realizado pelo Instituto Trata Brasil junto a EX Ante Consultoria Econômica, em parceria com a BRK Ambiental e apoio da Rede Brasil do Pacto Global, apresenta uma análise minuciosa da ausência dos serviços de saneamento básico refletidos na vida das mulheres. Por meio de dados da  Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, ano base 2019, é possível relacionar os problemas de saúde impactaram a população feminina brasileira em diversos aspectos.

A privação do saneamento básico tem impacto direto sobre a saúde, pois aumenta a incidência de doenças de veiculação hídrica e de doenças respiratórias. Em 2019, segundo dados da PNS, 1,668 milhão de pessoas foram afastadas de suas atividades cotidianas por motivos de diarreia ou vômito e doenças transmissíveis por insetos. Desse total, as mulheres correspondiam a 60,7% (1,012 milhão), enquanto a porcentagem  de homens era de  39,3% (656 mil).

Com base nesses dados, estima-se que houve 43,374 milhões de casos de afastamento por doenças de veiculação hídrica, sendo 26,324 milhões de casos entre as mulheres ao longo do ano de 2019. Os afastamentos por doenças de veiculação hídrica estavam concentrados nas mulheres mais jovens. Vale observar que, para todas as faixas etárias, a incidência de afastamentos por diarreia ou vômito é maior na população feminina do que na masculina.

Gráfico 1 – Incidência de afastamentos por doença de veiculação hídrica na população, por gênero e faixa etária, em casos por mil habitantes, 2019

O estudo também analisa como o acesso aos serviços de saneamento está associado a doenças ginecológicas na população feminina brasileira, mostrando que a ausência de água potável, coleta de esgoto e banheiros exclusivos corroboram no afastamento das atividades cotidianas.

Gráfico 2 – Incidência de afastamentos por doenças ginecológicas e condições do saneamento*, Brasil, 2019

Dados da pesquisa mostram que existência de banheiro de uso exclusivo na residência reduz em 45,4% a probabilidade de afastamento por doença ginecológica, enquanto o atendimento de coleta de esgoto na moradia diminui em 18,1% a chance de uma mulher ter um afastamento por doença ginecológica. Somados, o acesso pleno ao saneamento pode reduzir em 63,4% a incidência de doenças ginecológicas na população feminina com idade entre 12 e 55 anos.

O saneamento básico é uma infraestrutura essencial para que a população tenha condição de viver com dignidade e oportunidades. Na vida da mulher, a falta desses serviços reforça a desigualdade social e impulsiona a pobreza menstrual, impactando diretamente a saúde da população feminina, como também no acesso à educação e no rendimento do trabalho. De acordo com os dados, a incidência de óbitos por doenças relacionadas a veiculação hídrica resultou na morte de 1,256 mulheres por esse motivo em cada 100 mil pessoas.

A partir da análise dessas informações, um dos objetivos do estudo foi mostrar que as infecções associadas à falta de saneamento básico afetaram a vida das mulheres de todas as idades, raças e classes sociais, com efeitos sobre seus rendimentos, no presente e no futuro, e sobre as horas disponíveis para o descanso ou lazer. Concluindo que, a falta de saneamento trouxe perdas de bem-estar às brasileiras.