A Região Nordeste concentra o maior número de pessoas com algum tipo de privação de saneamento
A precariedade de saneamento ainda impacta milhões de brasileiros, que vivem sem acesso aos serviços básicos. De acordo com o estudo do Trata Brasil “A vida sem saneamento: para quem falta e onde mora essa população?”, uma a cada duas moradias brasileiras convive diariamente com algum tipo de privação no saneamento. O estudo tem como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada Anual (PNADCA), do IBGE.
Isso significa que a residência pode enfrentar um ou mais dos seguintes problemas: não estar ligada à rede geral de abastecimento de água; não receber água de maneira regular; não possuir reservatório para armazenar a água que chega; não estar conectada à rede coletora de esgoto; ou sequer dispor de banheiro. Em 2022, essa realidade afetava 102,7 milhões de brasileiros.
O Nordeste brasileiro concentra o maior número de pessoas com algum tipo de privação de saneamento, totalizando 40,3 milhões de habitantes, o que representa 39,5% do total da população brasileira nessa situação. Em termos proporcionais, sete a cada dez nordestinos (70%) moram em habitações com algum tipo de problema relacionado ao saneamento básico.
Embora a região Norte apresente 15,9 milhões de pessoas em estado de privação, número absoluto menor que o Nordeste, proporcionalmente a situação é ainda mais grave. Cerca de oito a cada dez habitantes (80%) enfrentam problemas de saneamento, configurando a maior taxa entre todas as regiões brasileiras.
A região Sudeste aparece como a segunda com maior número absoluto de pessoas em estado de privação, com 21,6 milhões. Contudo, em termos relativos, apresenta a menor proporção entre todas as regiões, com adois a cada dez pessoas (20%) enfrentando esse tipo de problema.
No Sul, quase 15,9 milhões de pessoas vivem com algum tipo de privação de saneamento, o que representa aproximadamente 50% da população regional – uma a cada duas pessoas, o mesmo índice registrado no Centro-Oeste e na média nacional.
Essa realidade precária reflete diretamente em diversos pilares da sociedade, como saúde, produtividade do trabalho, desenvolvimento educacional, geração de renda e empregos, além de degradar o meio ambiente. Por isso, a universalização do saneamento deve ser prioridade nas políticas públicas para que as populações, principalmente aquelas que vivem na linha da pobreza e que são mais impactadas, tenham a chance de viver com qualidade e bem-estar.