Nordeste é a região que mais sofre com ausência de saneamento básico

Entre as cinco privações de saneamento analisadas no novo estudo do Trata Brasil, o Nordeste aparece como principal destaque negativo em todas as dimensões

No mês de novembro, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a EX ANTE Consultoria Econômica e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), divulgou o estudo inédito “A vida sem saneamento: para quem falta e onde mora essa população?”, que traça o perfil socioeconômico e demográfico da população brasileira que sofre com privações nos serviços de saneamento básico, utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada Anual (PNADCA), produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2013 e 2022. 

Para realizar essa análise, o estudo considera cinco categorias de privações: privação de acesso à rede geral de água; frequência de recebimento insuficiente de água potável; disponibilidade de reservatório; privação de banheiro; e privação de coleta de esgoto. Entre todas essas privações de saneamento analisadas, a região Nordeste tem a maior precariedade dos serviços básicos.

Em relação à privação de acesso à rede geral de água, as estatísticas da PNADC indicam que 8,916 milhões de moradias brasileiras não estavam ligadas à rede geral de abastecimento de água tratada em 2022, afetando 27,270 milhões de pessoas. A maior parte delas (35%) estava localizada nos estados do Nordeste, totalizando 3,117 milhões de residências em 2022. Na região, a maior concentração de moradias com essa privação estava na Bahia, em Pernambuco e no Maranhão. No Nordeste, cerca de 17 a cada 100 moradias ainda não estavam ligadas à rede geral de abastecimento de água tratada.

Na categoria que analisa a frequência de recebimento de água insuficiente, havia 16,896 milhões de moradias que, a despeito de estarem ligadas à rede geral de distribuição, não recebiam água diariamente, ou seja, na regularidade de abastecimento recomendada pela Organização Mundial da Saúde e pelo Plano Nacional de Saneamento (Plansab). Esse número correspondeu a 22,8% do total de residências no país. Mais uma vez, a maior parte das moradias com este tipo de privação estava localizada nos estados do Nordeste brasileiro, totalizando 7,730 milhões de residências em 2022, ou seja, 45,8% de todas as moradias brasileiras. Entre os estados do Nordeste, a maior concentração de moradias com essa privação estava em Pernambuco, na Bahia e no Maranhão, os mesmos estados com o maior número de residenciais sem acesso à rede de água tratada. Na região Nordeste, cerca de 23 a cada 100 moradias não recebiam água diariamente. 

Na privação de disponibilidade de reservatório de água, cerca de 10,856 milhões de moradias brasileiras não tinham reservatórios de água, o que representa um total de quase 32 milhões de pessoas. A maior parte (32%) foi localizada novamente nos estados do Nordeste, totalizando 3,473 milhões de habitações em 2022. Entre os estados da região, a maior concentração de moradias com essa privação na região estava na Bahia, Maranhão e Ceará. Na região Nordeste, 18,4% das moradias ainda não contavam com caixa d’água. 

Sobre a ausência de banheiros nas residências, os dados presentes no estudo indicam que 1,332 milhões de moradias não tinham banheiro de uso exclusivo no domicílio. Com cerca 63,1% das moradias sem acesso à banheiros, o Nordeste apresenta a maior precariedade entre todas as regiões, no qual,  841 mil habitações nordestinas sofrem com privação de banheiro. Entre os estados do Nordeste, a maior concentração de moradias com essa privação estava no Maranhão, Bahia e Piauí. Na região Nordeste, cerca de 4 a cada 100 moradias ainda não tinham banheiro de uso exclusivo.

Na quinta dimensão, que mostra a privação ao serviço de coleta de esgoto, quase 23 milhões de moradias brasileiras (30,8% das residências) não tinham acesso à rede geral de coleta de esgoto. O estudo indica que 42,7% das residências com privação de acesso à coleta de esgoto estavam no Nordeste, totalizando 9,750 milhões de moradias. Entre os estados da região, a maior concentração de moradias com essa privação estava no Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte. No Nordeste, metade das moradias ainda não tinha acesso à coleta de esgoto. 

Analisando as informações do estudo, é possível observar que são milhões de habitantes nordestinos vivendo em condições precárias dos serviços de saneamento, sendo expostas a risco severos para saúde. A ausência desta modalidade de infraestrutura eleva a incidência de doenças de veiculação hídrica, afetando principalmente jovens e idosos. Além disso, a falta do básico fomenta o afastamento das pessoas de suas funções laborais, do cotidiano e impacta negativamente a qualidade de vida das famílias e o futuro das crianças. 

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Trata Brasil

O Instituto Trata Brasil é uma OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, formado por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país.

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