Redução das perdas de água potável poderia resultar em ganhos de R$ 26,4 bilhões até 2034
Estudo do ITB considerou três cenários de ganhos com a melhoria no índice de perdas
No Brasil, aproximadamente 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada nem sequer para lavar as mãos. Enquanto isso, 40,1% da água é perdida antes mesmo de chegar à casa das pessoas. A partir deste cenário, o Instituto Trata Brasil, em parceria institucional da Asfamas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento) e da Water.org, lançou neste mês de junho, o novo estudo “Perdas de Água Potável 2022 (SNIS ano base 2020): Desafios para Disponibilidade Hídrica e Avanço da Eficiência do Saneamento Básico no Brasil”.
O relatório apontou que o valor em porcentagem da água perdida nos sistemas de distribuição no Brasil representa um volume equivalente a 7,8 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente. Esse volume seria suficiente para atender os brasileiros que ainda não possuem água. Além disso, o aumento na eficiência na distribuição da água potável poderia resultar em ganhos econômicos para o país.
Para calcular esses ganhos, o estudo considerou três cenários: o cenário otimista, cenário base e cenário pessimista.
É importante mencionar que mesmo a primeira dessas metas ainda se situa acima de índices já alcançados por países como Estados Unidos e Austrália. Sendo assim, mesmo que seja desafiador, é possível alcançar indicadores iguais ou inferiores a 15%. Exceto pelo cenário pessimista, tais objetivos são mais ambiciosos do que o estabelecido pelo Plano Nacional de Saneamento (PLANSAB) em 2013, que previa um índice de perdas de 31% em 2033. Já o cenário realista tido como base foi estabelecido pela Portaria Nº 490 de 2021 do MDR.
Pensando no cenário base, existe um potencial de ganhos brutos com a redução de perdas de R$ 53,5 bilhões até 2034. Prevendo que metade deste valor precisaria ser reinvestido no próprio combate às perdas, o benefício líquido ainda assim seria da ordem de R$ 26,7 bilhões no período. Em relação ao cenário de referência, quando se considera o custo de capital do investimento ao longo do tempo, os ganhos bruto e líquido trazidos a valor presente são, respectivamente, de R$ 25,6 bilhões e R$ 12,8 bilhões no Cenário Realista.
Investir na eficiência dos sistemas de distribuição é essencial para evoluir na infraestrutura de saneamento básico do país, tanto para melhorar os serviços de abastecimento de água potável, como também para expandir os canais de financiamento, resultando em ganhos econômicos para o Brasil.