A crescente preocupação com as perdas de água na distribuição exige a adoção de medidas eficazes para promover o uso sustentável desse recurso essencial
A demanda crescente por água potável, aliada a sistemas de distribuição envelhecidos e infraestrutura deficiente, resulta em significativas perdas hídricas, representando um desperdício alarmante. Diante desse cenário, o Instituto Trata Brasil, em parceria com GO Associados, lançou no começo de junho a nova edição do Estudo de Perdas de Água 2023. O relatório apresenta os principais indicadores de perdas em nível nacional, regional, estadual e das 100 maiores cidades do país.
Com o índice de perdas menor que a média nacional (40,3%), a região Sul do país perde 36,89% do recurso hídrico. Apesar de apresentar o segundo menor índice de perdas na distribuição entre as macrorregiões do país, o Sul ainda não atende quase 3 milhões de habitantes com água potável – como apontam dados do Painel Saneamento Brasil. Uma vez que reduza o desperdício do recurso hídrico, mais próxima estaria de universalizar o abastecimento para toda a população.
No relatório é apresentado os benefícios a partir da redução de perdas, no qual, caso o país reduza o volume de água não faturada de 40,9% para os 25% previstos pela Portaria 490/2021 resultaria no potencial de abastecimento de água potável para mais de 25,7 milhões de brasileiros. No Rio Grande do Sul, a eficiência no controle do desperdício poderia atender mais de 2 milhões de habitantes, enquanto em Santa Catarina, o potencial da população atendida seria de quase 650 mil cidadãos. Por fim, mais de 590 mil habitantes seriam abastecidos com água potável no Paraná com a redução de perdas.
QUADRO 1 – PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO POR MACRORREGIÃO (2021)
Essas perdas podem ocorrer de várias maneiras, incluindo vazamentos nas tubulações, falhas em equipamentos de medição, erros de leitura, roubo de água e problemas de gerenciamento. Além do desperdício de um recurso tão valioso, as perdas de água também têm um impacto negativo no meio ambiente, com o estressamento dos corpos d’água.
Quadro 2 – Índice de Perdas na Distribuição nos estados do Sul
Entre os estados da região, o Rio Grande do Sul apresenta o maior índice de perdas na distribuição, no qual, 41,59% do recurso é perdido antes mesmo de chegar nas residências do país. Por outro lado, Santa Catarina e Paraná, que perdem 34,06% e 33,75, respectivamente, apresentam gargalos menores para alcançar os 25% em perdas na distribuição – meta estabelecida para 2034 pela Portaria 490/2021 do MDR.
Medidas como a modernização da infraestrutura, o monitoramento em tempo real dos sistemas, a detecção de vazamentos e a manutenção preventiva podem desempenhar um papel fundamental na minimização das perdas. Investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento também são necessários para impulsionar a inovação no setor.
A região Sul, como também, outras localidades do país devem ter como uma das prioridades a redução de perdas. Somente com ações concretas e investimentos adequados será possível promover a sustentabilidade hídrica, garantindo o acesso à água potável para as gerações presentes e futuras.