Mesmo apresentando cidades que são destaques positivo em relação a perdas de água, alguns estados e municípios demonstram indicadores negativos
O Instituto Trata Brasil, em parceira institucional com a Asfamas, e com elaboração da consultoria GO Associados, lançou o novo estudo ?PERDAS DE ÁGUA POTÁVEL (2021, ano base 2019): DESAFIOS PARA A DISPONIBILIDADE HÍDRICA E AO AVANÇO DA EFICIÊNCIA DO SANEAMENTO BÁSICO?. O estudo expõe a grande ineficiência do Brasil na distribuição de água potável pelas cidades, quase 40% (39,2%) de toda água potável não chega de forma oficial às residências do país por vazamentos, fraudes e roubos, erros de medição.
O estudo analisa a situação dos indicadores de perdas do Brasil, das 27 Unidades da Federação e as cinco regiões, bem como as 100 maiores cidades ? os mesmos municípios do Ranking do Saneamento Básico. A região Sul composta pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul apresenta 37,5% de perda de água potável produzida nos sistemas de distribuição – terceiro maior índice entre as regiões brasileiras, ficando atrás apenas do Norte (55,2%) e do Nordeste (45,7%).
QUADRO 1 – PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO – REGIÕES (2019)
Fonte: SNIS 2019. Elaboração: GO Associados.
No Brasil, o volume de água desperdiçada equivale a 7,5 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o volume perdido corresponde a 524 de piscinas olímpicas diárias, sendo o maior volume entre os estados do Sul. Além disso, o Rio Grande do Sul demonstra uma piora no índice de perdas na distribuição com um aumento de 10% p.p. entre 2015 e 2019
Quadro 2 ? EVOLUÇÃO DO RS EM PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO ENTRE 2015 A 2019
Elaboração: GO Associados.
Os estados do Paraná e de Santa Catarina apresentam índices semelhantes de Perdas na Distribuição com valores em torno de 35%.
Quadro 3 ? EVOLUÇÃO DE PR E SC EM PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO ENTRE 2015 A 2019
Estados | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 |
Paraná | 34% | 35% | 35% | 35% | 35% |
Santa Catarina | 36% | 37% | 37% | 35% | 35% |
Entre os 100 maiores municípios que obtiveram seus índices de perda de água demonstrados no estudo, estão presentes 15 municípios da Região Sul. Figuram entre os 20 melhores municípios em relação ao Índice de Perdas de Faturamento Total: Blumenau (SC) com 21,60% e São José dos Pinhais (PR) com 21,74%. Entretanto o município de Gravataí (RS) está presente entre os 10 piores com 62,46% no IPTF – confira a tabela no estudo completo.
Considerando o Índice de Perdas na Distribuição, indicador que procura aferir a relação entre volume produzido e volume consumido, figuram entre o quadro dos 20 melhores os municípios: Blumenau (SC) apresentando com 16,38%, São José dos Pinhais (PR) com 22,66%, Maringá (PR) 24,33%, e Curitiba (PR) com 26,06%.
O município de Blumenau (SC) é destaque positivo com índices de perdas que são padrões de excelência estabelecidos como meta para 2034 pela Portaria Nº 490 do MDR, ou seja, 25% em perdas na distribuição e de 216 L/ligação/dia em perdas volumétricas.
QUADRO 4: MUNICÍPIOS DE DIVERSAS REGIÕES COM PADRÕES DE EXCELÊNCIA EM PERDAS
Os indicadores de perda de água potável na Região Sul são bastante heterogêneos, dependendo dos municípios e estados. Temos cidades com ótimos índices (Blumenau, São José dos Pinhais, Maringá), mas na média os indicadores ficam acima dos 30%, com destaques negativos para os municípios gaúchos, Canoas (RS), Caxias do Sul (RS), Gravataí (RS), Pelotas (RS) e Santa Maria (RS).
QUADRO 5: INDICADORES DE PERDAS DE ÁGUA DOS MUNICÍPIOS GAÚCHOS
Município | Índice de Perda de Faturamento Total (%) | Índice de Perda de Faturamento (%) | Índice de Perdas na Distribuição (%) | Índice de Perdas por ligação (litro/dia) |
Canoas | 58,66 | 54,42 | 53,97 | 704,52 |
Caxias do Sul | 50,41 | 49,11 | 47,09 | 394,77 |
Gravataí | 62,46 | 50,52 | 49,51 | 417,42 |
Pelotas | 59,05 | 59,05 | 54,17 | 631,57 |
Santa Maria | 56,74 | 54,26 | 53,66 | 619,82 |
Isso mostra que a região, seus estados e municípios têm desafios em relação às perdas e precisam investir de forma mais constante em troca de tubulações, medidores, tecnologias de detecção, combate a fraudes, entre outras medidas.
*Foto: Ivo Gonçalves/PMPA*