A cidade de Rondonópolis, no estado de Mato Grosso, foi destaque no evento do Instituto Trata Brasil, “Casos de Sucesso em Saneamento Básico – Municípios e Agências Reguladoras 2019”, pelo bom desempenho nos serviços de saneamento na cidade.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS), plataforma de indicadores do Ministério de Desenvolvimento Regional, apontam que o abastecimento de água chega a 100% da população. O município realiza a coleta de esgoto de 94,8% dos habitantes e 83% do volume do esgoto é tratado.
Confira os indicadores da cidade, de acordo com o SNIS:
Ano | Indicador de atendimento total de água (%) | Indicador de atendimento total de esgoto (%) | Indicador de Esgoto Tratado por água consumida (%) |
2014 | 100 | 55,1 | 34,3 |
2015 | 100 | 67,2 | 37,7 |
2016 | 100 | 72,7 | 40,3 |
2017 | 100 | 96 | 73,8 |
2018 | 100 | 96,2 | 93,4 |
2019 | 100 | 90,3 | 90,1 |
2020 | 100 | 94,8 | 83 |
O INSTITUTO TRATA BRASIL ENTREVISTOU A SERVIÇO DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE RONDONÓPOLIS TEREZINHA SILVA DE SOUZA, SANEAR, RESPONSÁVEL PELOS SERVIÇOS NO MUNICÍPIO. LEIA NA ÍNTEGRA:
Que esforços você destacaria como fatores mais importantes na gestão do saneamento local e que fizeram com que se chegasse a esta posição tão boa?
Em 2008 Rondonópolis contava com apenas 28% de esgotamento sanitário, graças à boa gestão dos recursos públicos avançamos muito, hoje estamos próximos da universalização do saneamento básico em nossa cidade com mais de 93% de rede de esgoto e tratamos 100% desse esgoto coletado.
Fator determinante para o avanço das obras, é a gestão eficiente dos recursos advindo da justa cobrança da tarifa e outros recursos captados pela gestão do Serviço de Saneamento Ambiental de Rondonópolis Terezinha Silva de Souza (Sanear), que é uma Autarquia Municipal.
Podemos destacar, o comprometimento da nossa gestão com políticas públicas voltadas para o saneamento, a elaboração de projetos, constituição de corpo técnico qualificado e a fiel execução dos projetos e cumprimento dos cronogramas dentro das normas legais, fatores fundamentais que dão credibilidade junto às instituições financiadoras de obras de saneamento e Governo federal.
Quais desafios e problemas vocês enfrentaram para a melhoria do saneamento básico da cidade? Como resolveram para chegar nos indicadores atuais?
O maior desafio que Rondonópolis enfrentou e enfrenta é o constante crescimento de seu território, por se tratar de uma cidade polo regional, que abrange cerca de 20 municípios, e fica localizada no entroncamento das BRs 163 e 364. E ainda possui o maior, Porto Seco da América Latina, terminal ferroviário de cargas. Com base nisso, e no agronegócio, polo estudantil com duas universidades públicas e várias faculdades particulares, devido ao crescimento frenético de Rondonópolis, o planejamento é fundamental.
Outro desafio foi encontrar mão de obra qualificada, no início do PAC I (Programa de Aceleração do Crescimento), no ano de 2008, tivemos que contratar mão de obra de outro Estado, dois ônibus com trabalhadores vieram do Maranhão para trabalhar em nossa cidade, em determinado momento chegamos a ter mais de 500 colaboradores no canteiro de obras.
Profissionais para elaborar projetos foi outro desafio, contratamos projetistas do Estado do Paraná e Bahia, até mesmo as instituições públicas, como o BNDES, Caixa Econômica Federal e o próprio Ministério das Cidades tiveram problemas para gerenciamento de projetos. Antes do PAC I praticamente não havia recursos para investimentos na área de saneamento, devido a isso, a qualificação dos profissionais que atuavam nesta área era escassa.
Uma das formas que encontramos para atender o crescimento da demanda relacionada ao saneamento foi o planejamento estratégico, realizamos reuniões no início de cada ano onde, é discutido com os engenheiros e corpo técnico todos os projetos, e, é feito um planejamento financeiro.
Investimentos sem uma boa gestão não trazem resultados. E o oposto? É possível ter sucesso com pouco recurso financeiro?
Recursos são indiscutivelmente necessários. Portanto, além do planejamento estratégico é essencial a cobrança de uma tarifa sustentável economicamente e, em contrapartida prestar um serviço de excelência aos munícipes, com isso, é possível alcançar bons resultados.
O Serviço de Saneamento Ambiental de Rondonópolis Terezinha Silva de Sousa – Sanear é uma autarquia, não tem o fim específico de auferir lucro, e sim, resultados.
Que conselhos vocês dariam aos gestores e empresas operadoras de outras cidades para que consigam melhorar os indicadores de saneamento?
Cada cidade tem suas peculiaridades, um bom planejamento estratégico e a fiel execução desse planejamento seria um passo importante para seguir avançando junto com o crescimento, o qual podemos citar: melhorar a correlação entre perdas e faturamento, ou seja, minimizar as perdas, como por exemplo combate às fraudes, universalização da micromedição, balanceamento das pressões nas redes de água, e outro item importante, é o desenvolvimento de projetos de eficiência energética que possibilitem a minimização dos custos de produção, entre outros.
Por último, Tarifa de cobrança justa e atualizada, que permite a execução dos serviços com qualidade e agilidade, permitindo assim poder de investimento.
Conselhos que, apesar dos desafios, deram certo em Rondonópolis e podem ser seguidos por outros municípios.