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Saneamento precário faz mães perderem horas de descanso, lazer e oportunidades

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O afastamento por doenças relacionadas à falta de saneamento comprometeu, em média, quase cinco dias de cada mulher afetada

Mulheres que desempenham o papel central nas atividades domésticas e no cuidado de pessoas são afetadas de forma mais intensa pela falta de saneamento básico. Embora a ausência de acesso à água tratada e esgotamento sanitário prejudique toda a população, as consequências costumam ser complexas na vida das mulheres pela sobrecarga de responsabilidades no cuidado com a casa e a família. Segundo relatório das Nações Unidas de 2016, elas dedicam três vezes mais horas do seu tempo a trabalhos não remunerados, como as tarefas do lar e o cuidado com familiares, quando comparadas aos homens, situação agravada em contextos onde os serviços de saneamento são precários.

Um estudo do Instituto Trata Brasil, com dados da PNADC, mostra a profundidade desse cenário. Em 2019, 34,9 milhões de mulheres eram responsáveis pelo domicílio, representando quase metade das chefias de lares no país. Aproximadamente 26,9% das mulheres com mais de 15 anos tinham filhos ou enteados menores morando em casa, totalizando 25,5 milhões de mães cuidadoras de 40,9 milhões de filhos ou enteados. A média é de 1,6 filho ou enteado por mãe, subindo para 1,81 em áreas rurais. Acrescentando 4,8 milhões de avós que vivem com netos e bisnetos, são cerca de 30,4 milhões de mulheres dividindo seu tempo entre trabalho, estudo, tarefas domésticas e cuidados múltiplos.

Como principais cuidadoras dentro dos lares, as mulheres sentem de maneira mais direta os efeitos da precariedade do saneamento. Sempre que um membro da família adoece por conta da água contaminada ou falta de esgoto, são elas que, muitas vezes, assumem a sobrecarga física e emocional do cuidado. Além disso, quando não há infraestrutura básica, as mulheres acabam tendo maior contato com água contaminada e dejetos, o que compromete ainda mais sua saúde.

A carência de saneamento impacta diretamente como essas mulheres organizam o tempo e limita seu potencial de renda e autonomia. Quando surgem doenças evitáveis relacionadas à água e à falta de esgoto, elas perdem oportunidades de trabalho, estudo e descanso.

 Em 2019, houve mais de 80 milhões de casos de afastamento por doenças de veiculação hídrica ou por doenças respiratórias, com uma incidência de 737 casos a cada mil mulheres. Cada afastamento comprometeu 4,57 dias em média das mulheres afetadas.

Ao todo, estima-se que foram perdidas 8,854 bilhões de horas devido a afastamentos, o que equivale a aproximadamente 81,7 horas por mulher brasileira. Desse total, cerca de 69,9% das horas comprometidas estavam relacionadas a atividades essenciais para o bem-estar, como alimentação, higiene pessoal, compras, prática de esportes, momentos de lazer, cuidados com a saúde e simples descanso.

A consequência desse cenário afasta estudantes de frequentar aulas ou realizar atividades acadêmicas, trabalhadoras perdem produtividade e renda, cuidadoras sacrificam horas de descanso e lazer. Se as mulheres adoecem, dependentes e familiares também sofrem; se é o familiar que adoece, a mulher é quem costuma abdicar de si para cuidar do outro.

Com a universalização do acesso à água tratada e aos serviços de esgotamento sanitário, as mulheres brasileiras deixariam de desperdiçar parte dessas horas de afastamento de suas atividades rotineiras causadas por doenças respiratórias e de veiculação hídrica. Estima-se que o total de horas de afastamento em razão das doenças associadas à falta de saneamento cairiam de 8,854 bilhão por ano para 7,264 bilhão milhões por ano.  Isso indica uma redução potencial de 1,590 bilhão de horas desperdiçadas com esses problemas de saúde.

No domingo, 11 de maio, data em que é celebrado o Dia das Mães, é fundamental recordar que garantir saneamento básico para todos é também garantir dignidade, saúde e oportunidades iguais para mulheres que dividem suas jornadas entre cuidar dos outros e de si mesmas.

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Trata Brasil

O Instituto Trata Brasil é uma OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, formado por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país.

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