Projeto, que durou três anos, expôs a importância dos serviços de água e esgoto para populações que vivem em zonas rurais
A Prefeitura de Mogi das Cruzes, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e com apoio do Instituto Trata Brasil e do Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae), encerrou, neste mês, o projeto-piloto de saneamento rural Mogi Mais Água. A iniciativa ainda contou com a parceria da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (Cati/CDRS), Organização Não-Governamental The Nature Conservancy, Associação dos Agricultores do Cocuera e as empresas Vecchi Ambiental e Acqualimp.
O município de Mogi das Cruzes está localizado na Região Metropolitana de São Paulo, e conta com uma considerável área rural, responsável pela atividade econômica agrícola e pecuária com mais de 100 anos.Entretanto, devido aos problemas com a condição da água e à falta de serviços de saneamento básico em algumas propriedades rurais, as atividades econômicas e a própria população local acabam em uma posição de risco.
O Instituto Trata Brasil, sabendo dos problemas, propôs um projeto piloto de saneamento básico da área rural do município. A iniciativa, realizada por três anos na cidade, ofereceu alternativas de esgotamento sanitário para a área rural com instalações de tecnologias para 11 famílias. As tecnologias usadas são sistemas compactos e econômicos desenhados para o tratamento de esgoto em zonas rurais, comunidades isoladas, estabelecimento de pequeno porte e residências. Dentre elas, estiveram a 1) GOTA (Vecchi Ambiental), cujo equipamento (estação de tratamento de esgotos com lodos ativados e biomídias) faz o tratamento dos esgotos para pequenas populações, e 2) biodigestores da empresa Acqualimp. ação foi amparada inicialmente com recursos financeiros da Braskem.
Após as etapas concluídas, o projeto se encerra com os equipamentos devidamente instalados e em operação, e com a realização de análises laboratoriais que mostram resultados positivos. Para a cidade, o projeto beneficiou a proteção ambiental e a manutenção das nascentes, preservando os recursos hídricos para o município de Mogi das Cruzes e outras cidades vizinhas, visto que a água alimentará outras regiões.
Segundo o produtor e morador da região, Edson Suenaga, o projeto foi muito importante para região, que não tinha esgoto coletado e tratado, diminuindo a contaminação dos lençóis freáticos e dos rios que são utilizados na irrigação e captação para abastecimento das cidades. “Nós, agricultores, nos preocupamos muito com a qualidade da água para irrigação e consumo, acredito que a necessidade do tratamento de esgoto seja para todos”, comentou o produtor.
No Brasil, quase 35 milhões de pessoas não têm acesso à rede de água e aproximadamente 100 milhões vivem em locais sem coleta e tratamento dos esgotos, como mostra dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), dados de 2019. O saneamento rural apresenta ainda mais desafios e dificuldades do que as áreas urbanas devido ao isolamento das propriedades, baixo interesse político, necessidade de soluções diferenciadas, questões jurídicas, falta de financiamentos específicos, entre outras.
A importância de projetos como esse na região de Mogi das Cruzes é na busca de preservar os corpos hídricos do país, impedindo o despejo irregular de esgoto in natura diretamente no solo ou nos corpos d’água. Além disso, o acesso aos serviços de saneamento básico evita doenças por veiculações hídricas, melhorando a qualidade de vida da população local. Portanto, oferecer alternativas para o acesso ao saneamento promove maior segurança sanitária aos seus usuários e equilíbrio à fauna e à flora.