Entre os benefícios estão ganhos área da saúde, educação, produtividade do trabalho, turismo e valorização imobiliária
O Instituto Trata Brasil, em parceria com a EX ANTE Consultoria Econômica, divulga o estudo “Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento no Rio Grande do Sul”. O objetivo do relatório é apresentar os ganhos socioeconômicos a partir do acesso pleno aos serviços básicos. Segundo informações do SNIS, 81,2% da população do Rio Grande do Sul era atendida com abastecimento de água e apenas 32,6% recebiam o serviço de coleta de esgoto em suas residências em 2021. Esse é o resultado do lento avanço observado nos últimos 11 anos (2010 a 2021). Cerca de 1,5 milhão de pessoas estavam sem acesso aos serviços de água potável e 7,5 milhões sem os serviços de coleta de esgoto em suas residências.
Em paralelo, outro grande desafio ao sistema de saneamento do estado do Rio Grande Sul é visto na falta de tratamento do esgoto. Em 2021, havia um déficit de tratamento que chegou a 74,2%, o montante equivale a 445 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento sendo despejadas na natureza todos os dias.
Para analisar os benefícios, o estudo compreende o período até 2033, prazo limite para a universalização do saneamento, de acordo com o Marco Legal do Saneamento. Contudo, reúne também elementos para apresentar os efeitos de mais longo prazo da universalização, até meados da década de 2050.
Tabela 1 – Custos e Benefícios da Universalização do saneamento no Rio Grande do Sul (2023-2033)
A partir da tabela acima é possível observar que os benefícios, até 2033, devem alcançar em R$ 51,3 bilhões, sendo R$ 23,8 bilhões de benefícios diretos (renda gerada pelo investimento e pelas atividades de saneamento e impostos sobre consumo e produção recolhidos) e de R$ 27,4 bilhões devido à redução de perdas associadas às externalidades. Os custos sociais no período devem somar R$17 bilhões aproximadamente (sendo R$10,2 bilhões de investimentos).
Assim, os benefícios devem exceder os custos em quase R$34,3 bilhões, indicando um balanço social bastante positivo para a região. Isso significa que para cada R$1,00 investido em saneamento, o estado do Rio Grande do Sul deve ter ganhos sociais de R $5, um retorno maior que o esperado para a região Sul do Brasil e para a média nacional.
Para Luana Pretto, Presidente-Executiva do Instituto Trata Brasil, a universalização do saneamento para o Rio Grande do Sul pode resultar em um grande desenvolvimento socioeconômico e ambiental para o estado. “No estado do Rio Grande do Sul são despejados, por dia, cerca de 445 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento nos rios e mares da região. A universalização do saneamento contribui para a despoluição do meio ambiente, para a melhoria da saúde da população e, consequentemente, para a maior produtividade no trabalho, devido à nova dinâmica do saneamento no estado. Inclusive, os ganhos derivados da produtividade no trabalho, decorrentes do acesso pleno ao saneamento, poderão resultar em quase R$ 2 bilhões ao ano em aumento na renda do trabalho até 2033. É geração de renda que pode mudar a perspectiva futura de uma geração.”