Estudo do ITB aponta as diferenças do acesso do saneamento para mulheres que vivem com e sem essa infraestrutura
No mês de maio, o Instituto Trata Brasil e a EX Ante Consultoria Econômica, em parceria com a BRK Ambiental e apoio da Rede Brasil do Pacto Global, divulgaram a segunda edição do estudo “O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira”. Segundo dados do IBGE 2019, a população feminina no Brasil corresponde a 51,8%, ou seja, 108,4 milhões de mulheres. O relatório do estudo expôs que dentre essas mulheres, 41,4 milhões residem em casas sem coleta de esgoto e a população feminina prejudicada pela falta de água tratada é 15,8 milhões; a ausência do serviço regular afeta 24,7 milhões. Além disso, índice de mulheres sem banheiro corresponde a 2,5 milhões.
A falta de saneamento básico impacta a vida da população em diversos âmbitos, sendo um desses, a produtividade e remuneração em relação a atividade econômica que um (a) jovem prática. O estudo analisou que a privação dos serviços de água e esgotamento sanitário afetaram a vida das mulheres de todas as idades, raças e classes sociais, com efeitos sobre seus rendimentos, no presente e no futuro.
Segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada do IBGE (PNADC) de 2019, a remuneração média das mulheres que residiam em moradias sem acesso à água tratada foi 45,1% inferior à das mulheres que moravam em domicílios com acesso a esse serviço. A população feminina habitando em moradias sem coleta de esgoto por rede geral ganhava, em média, 34,4% a menos de renda que as mulheres que moravam em residências ligadas à rede geral de coleta de esgoto. A ausência de banheiro tinha peso ainda maior: a remuneração média das mulheres que residiam em moradias sem banheiro de uso exclusivo foi 77,6% inferior à das mulheres que moravam em domicílios com banheiro.
Tabela 1 – Valor esperado da remuneração das mulheres que moram em domicílios sem saneamento em relação às que moram em domicílios com saneamento, Brasil, 2019
Considerando a raça autodeclarada e a situação de ocupação, a tabela acima revela que se espera que uma mulher vivendo em uma moradia sem banheiro tenha um rendimento 66,7% inferior à de uma mulher morando em casa com banheiro de uso exclusivo. No caso de uma mulher residindo em moradia sem coleta de esgoto, a remuneração esperada é 29,2% menor que a das mulheres residindo em habitação com acesso à rede geral de coleta de esgoto. No caso da mulher sem acesso à água tratada em sua moradia, é esperado uma remuneração 31,4% menor que a da população feminina residindo em habitações com fornecimento regular de água por rede geral.
Sendo assim, o estudo mostra que a falta do saneamento pode comprometer a produtividade da trabalhadora, limitando seu potencial na renda com efeito negativo sobre sua remuneração. A universalização dos serviços básicos, disponibilizaria ganhos em potenciais para mulher viver com dignidade, como por exemplo, aumento na renda, acesso a saúde e educação com qualidade, desenvolvimento nas atividades econômicas e maior disponibilidade de descanso ou lazer.