Ao todo, são mais de 4,3 milhões de residências com abastecimento irregular do recurso hídrico
No estudo inédito divulgado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com EX ANTE Consultoria Econômica e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), foram analisados cinco diferentes categorias de privações de saneamento para traçar o perfil socioeconômico e demográfico da população brasileira que convive com a falta dos serviços básicos. Intitulado “A vida sem saneamento: para quem falta e onde mora essa população?”, a pesquisa tem como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada Anual (PNADCA), produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2013 e 2022.
Em âmbito nacional, regional e estadual, o estudo considerou as seguintes categorias para realizar a análise: privação de acesso à rede geral de água; frequência de recebimento insuficiente de água potável; disponibilidade de reservatório; privação de banheiro; e privação de coleta de esgoto.
Na categoria que analisa a privação de acesso à rede geral de água, as estatísticas da PNADC indicam que no Sudeste do país são cerca de 2,186 milhões de moradias sem acesso à rede geral de abastecimento de água tratada em 2022 (24,5% do total nacional).
Em relação ao indicador de frequência de recebimento de água insuficiente, a região Sudeste foi a segunda em número de residenciais com abastecimento irregular, concentrando 25,8% das moradias com esse tipo de privação. Ao total foram 4,353 milhões de habitações nessa situação. As taxas de incidência foram maiores no estado do Rio de Janeiro, onde 1 a cada 4 residenciais não receberam água com regularidade, e no Espírito Santo, onde 1 a cada 5 moradias passaram por problemas de abastecimento.
Ainda no Sudeste foi observado o segundo maior contingente demográfico com problemas de abastecimento, onde 12,505 milhões de pessoas não recebem água com a devida regularidade (24,4% do total registrado no país). Analisando por estado, foram 4,527 milhões de pessoas nesta condição que moravam no Rio de Janeiro, 3,833 milhões de mineiros e 3,308 milhões de paulistas.
Na categoria de privação de disponibilidade de reservatório de água, cerca de 7 a cada 100 domicílios não dispunham de caixa d’água no sudeste do país.
Considerando a privação de ausência de banheiro, na região Sudeste, com exceção do estado de Minas Gerais, a falta de banheiro foi um problema relativamente menor. Nesses estados, menos de 0,3% das moradias tinham privação de banheiro.
Por fim, na quinta categoria que aponta a privação de acesso à rede geral de coleta de esgoto, cerca de 3,546 milhões de moradias sem acesso à coleta de esgoto estavam na região Sudeste (15,5% do total). Em termos relativos, o problema ainda é mais grave no Espírito Santo e em Minas Gerais, onde, respectivamente, 21,8% e 18,8% das moradias não dispunham desse serviço em 2022.
Conforme é visto nas informações presentes no estudo, a região mais populosa do país tem desafios para superar em relação ao acesso pleno de saneamento básico para os habitantes. Milhões de habitantes ainda sofrem com algum tipo de privação de saneamento, algo que impacta negativamente milhões de famílias nos âmbitos sociais, econômicos e ambientais. Na grande maioria, essas pessoas são jovens, nos quais vivem abaixo da linha da pobreza e tem seu futuro comprometido pela ausência do básico.