Para cumprir com as metas do Marco Legal, o estado deve voltar seus esforços para evoluir nos serviços básicos
Hoje, 20 de setembro, é celebrado o ‘Dia do Gaúcho’. Feriado no Rio Grande do Sul, o dia marca o início a Revolução Farroupilha. O estado que é nacionalmente conhecido pelo orgulho da sua população com o “pago” (gíria gaúcha para ‘campo’, ‘terra’), ainda tem muito o que fazer para atingir o acesso pleno à água e esgotamento sanitário.
No estado, os habitantes com acesso água corresponde a 86,7% e o atendimento à coleta de esgoto chega para apenas 33,5% da população. Em relação ao tratamento dos esgotos, somente 25,7% é tratado no Rio Grande do Sul. Além disso, o estado desperdiça 41,1% da água produzida nos sistemas de distribuição.
Quadro 1- Evolução dos indicadores de saneamento do Rio Grande do Sul entre 2015 e 2020
Fonte: Painel Saneamento Brasil
Observa-se a partir do quadro acima que o estado pouco avançou nos serviços de saneamento básico. Apenas os índices de esgotamento sanitário apresentaram uma sucinta evolução. Isto é, o atendimento à coleta de esgoto demonstrou uma melhoria de 4,1 pontos percentuais, por outro lado, o tratamento de esgoto evoluiu em 2,2 p.p.
No índice de perdas na distribuição houve um preocupante aumento do desperdiço desse recurso hídrico. Em 2015, o estado perdia 32,3% da água potável, ou seja, esse volume não chegava de forma oficial para as residências gaúchas. Analisando o índice no ano de 2020 é possível concluir que a eficiência na redução de perdas não é uma das prioridades do Rio Grande do Sul – o índice piorou em 8,8 pontos percentuais.
Além disso, quase 5 mil pessoas foram internadas por decorrência de doenças associadas à falta de saneamento em 2020, como aponta dados do DATASUS presentes no Painel Saneamento. No entanto, esse dado está quase 50% menor do que nos anos antes da pandemia, haja vista que em 2020, os leitos hospitalares no Brasil priorizaram contaminados com a Covid-19. Mesmo com quase 5 mil internações, o estado gastou mais de R$ 2 milhões com essas hospitalizações por doenças de veiculação hídrica.
Alcançar a universalização do saneamento básico pode resultar em benéficos em âmbitos sociais, econômicos e ambientes para região. Como por exemplo, o aumento da renda dos trabalhadores. Segundo informações do IBGE, ano base 2020, o rendimento do trabalho dos gaúchos que moram em residências com saneamento básico é de R$ 3.287,03. Enquanto isso, a renda da população local sem saneamento é de apenas 819,20 reais – uma diferença de R$ 2.467,83 na renda.
Até 2033, o Estado do Rio Grande do Sul, como as outras Unidades da Federação, precisarão ter 99% da população com acesso à água potável e 90% da população com coleta e tratamento de esgoto. Essas metas só serão possíveis com mais investimentos em saneamento básico e a adesão da população aos serviços, assim que eles chegarem para todos.