No Brasil, cerca de 5.522 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são lançadas todos os dias nos corpos hídricos
Grande curso de água natural, usualmente de água doce, o rio é um corpo hídrico essencial à vida e ao meio ambiente. Nesta sexta-feira, 24 de novembro, é celebrado o seu dia, o Dia do Rio, uma data instituída para ressaltar a importância de ações e medidas para proteger essa fonte tão importante de água, uma vez que as preocupações com a escassez hídrica estão cada vez mais presentes.
Para que haja a conservação e proteção dos rios é fundamental o acesso pleno aos serviços de saneamento básico. Infelizmente no Brasil essa é uma realidade distante. Além dos mais de 33 milhões de habitantes sem acesso à água potável e quase 93 milhões sem coleta de esgoto, o país trata apenas 51,3% do esgoto gerado – isso significa que um volume de 5.522 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas diariamente de forma irregular em rios, mares e lagos, contribuindo assim para a deterioração do meio ambiente.
Além disso, a ausência de serviços de coleta e de tratamento de esgoto tem implicações imediatas na saúde da população. Essa exposição ambiental causada pelo despejo irregular do esgoto e a falta de água tratada provocam doenças que prejudicam a qualidade de vida de crianças, jovens, adultos e idosos.
Mario Moscatelli, embaixador do Trata Brasil, biólogo, mestre em ecologia e especialista em gestão e recuperação de ecossistemas costeiros, alerta sobre o descuido com o meio ambiente e os corpos hídricos pela falta dos serviços de saneamento básico. “A questão do saneamento básico é um desses descuidos abomináveis de nosso país. É inaceitável que cerca de metade da população brasileira não tenha saneamento e que os habitantes não tenham acesso à água em boas condições. Portanto, é fundamental entendermos que já perdemos muito tempo em descuidos e em atitudes politicamente e administrativamente incorretas com o meio ambiente. Repito: perdemos tempo demais e agora precisamos nos preparar para a resposta da natureza”.
Uma vez que a água é um recurso finito e que ainda muitos habitantes vivem sem acesso, conservar e recuperar rios, lagos, manguezais e mares é de extrema importância para o abastecimento do recurso. Atender a população com coleta de esgoto adequada e tratar os esgotos devem ser prioridade na agenda pública a fim de reduzir doenças ocasionadas pela falta de saneamento e proteger a natureza.