Nesta segunda edição do estudo, foi feita uma análise inédita relacionada a pobreza menstrual
Nesta última quarta-feira, 04 de maio, o Instituto Trata Brasil e a EX Ante Consultoria Econômica, em parceria com a BRK Ambiental e apoio da Rede Brasil do Pacto Global, divulgaram a segunda edição do estudo “O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira”. Não obstante aos quase 100 milhões de brasileiros sem acesso a coleta de esgoto e os 35 milhões de habitantes sem acesso a água, a falta de saneamento básico na vida da mulher resulta em impactos negativos que reforçam ainda mais a desigualdade de gênero no país.
Para entender esse impacto negativo, dados entre 2016 e 2019 apontam que o número de mulheres que residem em casas sem coleta de esgoto saltou de 26,9 milhões para 41,4 milhões, ou seja, uma taxa de crescimento de 15,5% ao ano do número de brasileiras afetadas pelo problema.
Ademais, a população feminina prejudicada pela falta de água tratada passou de 15,2 milhões para 15,8 milhões; ainda sobre esse indicador, uma em cada quatro não são abastecidas com água tratada com regularidade. Já o índice de mulheres sem banheiro em casa cresceu 56,3% no acumulado do período, passando de 1,6 milhão para 2,5 milhões.
Nesta segunda edição do estudo, foi realizada uma análise sobre como a falta de saneamento básico impulsiona a pobreza menstrual. Dados presentes do estudo mostram que mulheres sem acesso a água tratada comprometem uma parcela maior da renda com a compra de absorventes e coletores menstruais, o impacto é 36% superior. Para aquelas que vivem sem banheiro em casa, o esforço econômico é 64% maior.
O relatório reforça que o acesso universal ao abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto pode tirar mais de 18 milhões de mulheres da condição de pobreza. Além disso, com a melhoria dos serviços básicos as mulheres poderiam ter sua renda ampliada em 1/3. Um aumento da renda das brasileiras alcançaria R$ 13,5 bilhões por ano e cerca de metade desses ganhos ocorreriam no Norte e Nordeste do país, regiões do país com os maiores déficits de saneamento.
Presidente Executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, reforça a dificuldade que o país tem para atender toda população com saneamento básico e analisa como no escopo feminino isso é ainda mais alarmante. “Quando olhamos com uma lupa o que acontece na vida das mulheres brasileiras, é mais preocupante ainda. A saúde da mulher é comprometida quando ela habita em áreas sem cobertura de saneamento básico e isso coloca em risco toda uma geração de estudantes e profissionais”.