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>Estudo do Trata Brasil expõe os impactos da falta de saneamento nos Estados brasileiros em relação a saúde

Maranhão é o estado com maiores casos de internações gerais por doenças de veiculação hídrica, além de apresentar a maior taxa de internações a cada 10 mil habitantes

O novo estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil “SANEAMENTO E DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA – ano base 2019” traz números preocupantes sobre as internações de doença de veiculação hídrica (diarreia, dengue, malária, esquistossomose, leptospirose, entre outras) causadas pela ausência de saneamento básico no Brasil.

Indicadores nacional apontam que quase 35 milhões de pessoas vivem em locais sem acesso à água tratada, 100 milhões de pessoas sem acesso à coleta de esgoto e somente 49% dos esgotos no país são tratados. Em relação aos dados de saúde, no Brasil, em 2019, houve mais de 273 mil internações por doenças de veiculação hídrica. Ademais, a incidência foi de 13,01 casos por 10 mil habitantes gerando gastos ao país de R$ 108 milhões.

A partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e o DATASUS (portal do Ministério da Saúde), o estudo realiza um diagnóstico das cinco regiões, como também das Unidades Federativas brasileiras.

Analisando as internações totais nas Unidades de Federação, em números absolutos, o Amapá aparece como a UF com menos internações por doenças de veiculação hídrica em 2019, com 861, contra 38,2 mil no Maranhão. Ambos possuem indicadores de saneamento abaixo da média, entretanto, há uma grande diferença no tamanho das populações e que precisa ser considerada quando falamos de números totais. Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Pará ultrapassam a marca de 20 mil internações gerais por doenças de veiculação hídrica.

Gráfico 1 – Internações gerais por doenças de veiculação hídrica nas UFs em 2019 (do menor para o maior)

Fonte: DATASUS/Painel Saneamento

Ao avaliar a taxa a de internações por 10 mil habitantes nos Estados do país, o Maranhão se mantém como o estado com maiores casos, com 54,4 internados a cada 10 mil. No estado maranhense, a população sem acesso à água corresponde a 44,6% e 86,9% dos habitantes não têm atendimento a coleta de esgoto; apenas 14,2% do volume de esgoto gerado é tratado.

Em seguida, o Pará apresenta 32,62 internados a cada 10 mil habitantes, no estado 56,4% da população não tem acesso à água potável e 94,2% não possui coleta de esgoto; o volume de esgoto gerado que é tratado corresponde apenas a 8,4%.

Piauí aparece como o terceiro estado com maiores casos de internações por 10 mil habitantes, com 29,64. A população sem acesso à água corresponde a 22,9% e 83,2% dos moradores não possui coleta de esgoto; somente 16,6% do esgoto gerado na região é tratado.

Gráfico 2 – Incidência por internações a cada 10 mil habitantes nas UFs em 2019

Fonte: DATASUS/Painel Saneamento Brasil

Neste quesito, o estado do Rio de Janeiro foi o que menos apresentou internações por 10 mil habitantes. No estado carioca 9,3% da população não possui acesso água e 35,6% não tem atendimento a coleta de esgoto; do volume de esgoto gerado 39,8% é tratado no estado.

São Paulo aparece logo em seguida com 2,84 internações por 10 mil habitantes. Na região paulista, 3,8% da população não tem acesso à água potável e 9,7% não tem atendimento a coleta de esgoto; 68,3% do volume de esgoto gerado é tratado.

O terceiro estado que apresentou o menor número de internações foi o Rio Grande do Sul com 7,14% a cada 10 mil habitantes. No estado, 13,3% da população não tem acesso à água potável e 67,7% não possui acesso a coleta de esgoto; na região 25,9% do esgoto gerado é tratado.

Os dados apresentados no estudo mostram que enquanto os indicadores de acesso à água potável e coleta e tratamento dos esgotos não avançarem no Brasil, as internações por doenças de veiculação hídrica poderão aumentar, ou seja, com poucas perspectivas de diminuição. Internações devido à ausência do saneamento básico significam mais pessoas fora de postos de trabalhos, evasão escolar, desigualdade acentuada, baixa expectativa de vida e maior ocorrência de óbitos evitáveis.