A exposição ao esgoto traz implicações severas para a saúde da população e para o desenvolvimento do Brasil
Em janeiro de 2025, um volume de 162 mil piscinas olímpicas de esgoto não tratado foi despejado no meio ambiente, de acordo com o esgotômetro, do Instituto Trata Brasil. Para chegar a esse número, foram considerados os dados do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento Básico (SNIS), ano-base 2022, que indicam que apenas 52,2% do esgoto gerado é tratado. Isso resulta em um despejo de cerca de 5,2 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento na natureza diariamente.
Essa exposição contínua deteriora o meio ambiente, poluindo corpos hídricos e comprometendo a qualidade da água potável. Essa contaminação destrói habitats naturais e impacta economicamente locais que dependem do turismo.
Em áreas onde o saneamento é precário, há um aumento significativo na incidência de doenças de veiculação hídrica, como diarreia, esquistossomose, febre amarela, dengue e leptospirose, afetando principalmente crianças e populações vulneráveis. Isso colabora para perpetuar ciclos de pobreza, além de desviar recursos que poderiam ser investidos em educação e infraestrutura.
Um estudo do Instituto Trata Brasil aponta que, entre 2021 e 2040, os benefícios potenciais com a universalização do saneamento no país podem alcançar R$ 1,455 trilhão. Desse total, R$ 864 bilhões seriam benefícios diretos, como renda gerada por investimentos e atividades, além de impostos recolhidos. Outros R$ 591 bilhões seriam ganhos decorrentes da redução de perdas associadas às externalidades. Com custos estimados em R$ 639 bilhões para o mesmo período, os benefícios ultrapassam os custos em R$ 816 bilhões, ou R$ 40,8 bilhões por ano, indicando um balanço social promissor para o Brasil.
Até 2033, o Brasil tem metas estabelecidas pela Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020, conhecida como Novo Marco Legal do Saneamento Básico. A lei determina que 99% da população deve ter acesso a abastecimento de água e 90% a esgotamento sanitário. Para atingir essas metas e alcançar os benefícios do acesso pleno ao básico, o saneamento deve estar no centro das políticas públicas de forma veemente ao longo do período para que de fato ocorra a sua universalização.