Localizado na região Nordeste do país, o Estado do Maranhão, e a capital São Luís, devem enfrentar grandes desafios para reduzirem as perdas e melhorar o saneamento para a população
No Brasil, quase 40% (39,2%) de toda água potável captada não chega de forma oficial as residências do país, demonstrando a grande ineficiência na distribuição de água pelas regiões, como mostra os dados do estudo de perdas de água lançado pelo Instituto Trata Brasil em parceira institucional com a Asfamas, em maio deste ano.
Composta por nove estados, a região Nordeste possui o segundo pior Índice de Perdas de Água na Distribuição do país, ficando atrás apenas da região Norte. Além de indicadores negativos de saneamento básico, o Nordeste desperdiça 45,7% de toda água que é produzida, ou seja, a cada 100 litros produzidos, 45 não chega de forma oficial aos habitantes da região.
Gráfico 1: PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO – REGIÕES (2019)
O Maranhão, um dos estados que compõe a região, apresenta os piores índices de perdas de água do Nordeste, mais da metade de toda água que é produzida no estado não chega de forma oficial para a população.
Em referência ao Índice de Perdas por Ligação, indicador que avalia o nível de perdas da água efetivamente consumida em termos unitários, o Maranhão perde 803 L/ligação/dia, número completamente fora padrões de excelência estabelecidos como meta para 2034 pela Portaria Nº 490 do MDR, isto é, 216 L/ligação/dia em perdas volumétricas.
Quadro 1 ? ÍNDICES DE PERDAS NO NORDESTE (QUATRO INDICADORES)
São Luís, capital do Maranhão, apresenta os piores índices entre as 20 cidades do Nordeste presentes no estudo de perdas de água potável. Os índices negativos colocam a capital entre os piores das 100 cidades em todos os indicadores de perdas de água. Em referência ao Índice de Perdas na Distribuição, a capital maranhense perde 63,78% de toda água que é produzida, sendo a 4ª pior cidade entre as maiores do país.
Quadro 2 ? MAIORES PERDAS ENTRE OS GRANDES MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Além das dificuldades que a região enfrenta com as perdas de água potável, a região Nordeste, incluindo o estado do Maranhão e a capital São Luís, apresentam indicadores negativos de saneamento básico.
Quadro 3: INDICADORES DE SANEAMENTO BÁSICO
Localidade | População (pessoas) | Parcela da população sem acesso à água (% da população) | Parcela da população sem coleta de esgoto (% da população) | Índice de esgoto tratado referido à água consumida (%) |
Brasil | 210.147.125 | 16,30% | 45,90% | 49,10% |
Região Nordeste | 57.071.654 | 26,10% | 71,70% | 33,70% |
Maranhão | 7.075.181 | 44,60% | 86,90% | 14,20% |
São Luís | 1.101.884 | 16,80% | 50,40% | 22,20% |
Fonte: Painel Saneamento Brasil
No Nordeste do país, mais de 14 milhões de habitantes não possuem acesso à água potável, bem como quase 40 milhões habitam em residências sem sistemas de esgotamento sanitário.
Apenas 13,1% das pessoas que vivem no estado do Maranhão possuem coleta de esgoto e quase metade da população não tem acesso a água potável. São Luís, capital maranhense, figura entre os 20 piores municípios no Ranking do Saneamento 2021, lançado em março. Na capital, mais de 500 mil habitantes não possuem coleta de esgoto.
Para resolver os problemas referentes as perdas de água e ao saneamento básico da região, os estados e municípios do Nordeste devem enfrentar grandes desafios, que requerem mais investimentos financeiros e busca por tecnologias mais eficientes. A região enfrentou a pior seca da história entre 2012 até o final de 2018, que resultou em várias cidades sem acesso à água regularmente, o que alerta no problema de perdas do recurso hídrico potável para consumo direto da sociedade. Com o Novo Marco Legal do Saneamento Básico, não só o Nordeste ou Maranhão precisarão cumprir com as metas, mas todo o país precisará oferecer água para 99% da população e coleta e tratamento dos esgotos para 90% dos habitantes brasileiros.
*FOTO: Claudio Pachêco*