Previsão analisada no estudo do Trata Brasil aponta para 12 dias de racionamento por ano até 2050
Para entender o que contribui para o aumento de oferta e demanda da água, o Instituto Trata Brasil divulgou o estudo “Demanda Futura por Água em 2050: Desafios da Eficiência e das Mudanças Climáticas”, em parceria com a consultoria EX ANTE. O objetivo da pesquisa foi projetar cenários de demanda de água em residências brasileiras até 2050, identificando as variáveis que moldam o consumo.
Entre as variáveis que influenciam a oferta e a demanda de água nas cidades, as tendências climáticas observadas são um fator importante. Os parâmetros do modelo econométrico utilizado para análise climática no estudo indicam uma tendência de elevação tanto da temperatura máxima quanto da mínima anual no Brasil até 2050.
A projeção é de que a temperatura máxima aumente aproximadamente 1º Celsius em relação aos níveis de 2023, enquanto a temperatura mínima terá um acréscimo estimado de 0,47º Celsius. Isso resultará em um aumento da amplitude térmica de 0,52º Celsius até 2050. Além disso, outras tendências incluem a redução no número de dias chuvosos, mas com ocorrência de precipitações mais fortes.
Devido aos aumentos de temperatura, o consumo de água deve crescer 12,4% adicionalmente ao que já aumentaria por fatores econômicos. Isso resultaria em uma demanda extra de 2,113 bilhões de m³ por ano. Para atender a isso, seria necessária a produção de mais 3,515 bilhões de m³ anuais (mantendo o nível de perdas na distribuição de 2023). Isso aponta para desafios maiores do que os decorrentes da expansão demográfica e econômica.
Além do aumento no consumo, as mudanças climáticas projetadas até 2050 podem intensificar o desequilíbrio entre oferta e demanda de água no país. O avanço das temperaturas e a redução esperada nos dias de chuva tendem a intensificar a aridez de diversas regiões. Isso pode expandir o semiárido brasileiro e trazer risco de desertificação em novas áreas. Nessas regiões, onde a água já é limitada, as mudanças climáticas podem comprometer ainda mais a oferta, criando cenários de escassez com alta probabilidade de ocorrência.
Na média das cidades brasileiras, as tendências climáticas indicam uma redução de 3,4% na disponibilidade de água ao longo do ano. Isso se traduz em aproximadamente 12 dias anuais de racionamento. Regiões com índices de chuva e número de dias chuvosos mais baixos – como partes do Nordeste e do Centro-Oeste – deverão enfrentar mais de 30 dias de racionamento.
Essa escassez hídrica tem impactos diretos na vida da população. O que pode limitar o acesso à água para higiene pessoal, preparo de alimentos e outras atividades cotidianas, comprometendo a saúde e a qualidade de vida das pessoas, mas também eleva o risco de doenças de veiculação hídrica, especialmente pelo consumo de fontes alternativas e não seguras.
Para um planejamento de curto, médio e longo prazo, a redução das perdas de água, que hoje está no patamar de 40% conforme dados do SINISA 2023, precisa diminuir. Essa medida é fundamental para garantir água à população e evitar uma pressão excessiva sobre as fontes de abastecimento hídrico.




