Estudo inédito do Trata Brasil aponta os impactos das mudanças climáticas nos serviços de saneamento básico
No mês de novembro, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a WayCarbon, lançou o estudo inédito “As Mudanças Climáticas no Setor de Saneamento: Como tempestades, secas e ondas de calor impactam o consumo de água?”. A pesquisa projeta os impactos das mudanças climáticas sobre os serviços de saneamento básico, incluindo abastecimento de água e esgotamento sanitário, até 2050. O estudo avalia os riscos associados a tempestades, ondas de calor e secas, levando em conta a vulnerabilidade e a exposição das regiões e dos sistemas de saneamento.
No contexto do risco relacionado a tempestades, agravadas pelas mudanças climáticas, um dos maiores impactos ocorre no sistema de abastecimento de água.
Figura 1 – Tempestades e abastecimento de água: Resultado da modelagem do Risco Climático 1
Os locais que apresentaram maiores índices de risco com tempestades são aqueles que dependem de mananciais exclusivamente superficiais, sujeitos ao acúmulo de sedimentos. Nessas regiões, há um grande volume de precipitação máxima em cinco dias nos cenários climáticos futuros. Após um evento de chuvas constantes, esses mananciais sofrem com o acúmulo de sedimentos, reduzindo a qualidade da água bruta e aumentando os desafios para o tratamento.
O Espírito Santo é uma das localidades mais expostas a esse risco, com 22% de seus municípios em situação de risco alto e 78% com risco muito alto. Outros estados como Rio de Janeiro e Goiás também figuram entre os mais vulneráveis a eventos de tempestades.
Para mitigar os riscos climáticos e proteger o abastecimento de água, é essencial uma ação coordenada entre governos e empresas de saneamento. Entre as medidas necessárias estão o fortalecimento da infraestrutura de captação e tratamento de água e esgoto, a modernização dos sistemas de monitoramento e controle de qualidade da água e investimentos em tecnologia, como o reuso, contribuindo para a diversificação das fontes de água.
Além disso, políticas públicas voltadas à gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos, aliadas ao incentivo de práticas de conservação e reuso de água, são indispensáveis para garantir a segurança e a disponibilidade hídrica à população diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas.