Em especial ao Dia da Mulher, o Trata Brasil conversa com especialista da Pastoral da Criança sobre as condições das mulheres em comunidades que sofrem com ausência de serviços básicos
Celebrado em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher é uma data para ressaltar a luta diária das mulheres na busca pela igualdade de gênero, que infelizmente ainda é um desafio em diversas esferas, como por exemplo, no saneamento básico. Por certo, a ausência de água potável e coleta e tratamento de esgoto corrobora para a desigualdade social do país e, também, na desigualdade de gênero ainda enraizada na sociedade brasileira.
Ao serem afetadas por problemas relacionados à precariedade do saneamento, as mulheres que, além das atividades do dia a dia, costumam ser as responsáveis pelas tarefas domésticas e os cuidados com a família, tem seu bem-estar prejudicado, implicando em consequências severas para seu desenvolvimento educacional e profissional e, também suas condições de saúde.
Em vista desse cenário, o Instituto Trata Brasil entrevistou Caroline Dalabona, formada pela PUC/PR, mestre em saúde pública pela Faculdade de Saúde Pública/USP e nutricionista da Equipe Técnica da Pastoral da Criança, organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que atua em comunidades para orientar famílias as em ações básicas de saúde, educação, nutrição e cidadania. Confira a entrevista na íntegra:
1 – De que maneira os líderes voluntários da Pastoral atuam para promover as ações básicas na vida das mulheres que visitam e acompanham?
Os líderes da Pastoral da Criança, nossos voluntários, atuam na própria comunidade onde moram fazendo visitas domiciliares mensais para gestantes e famílias vizinhas que tenham crianças de até seis anos. Por fazerem parte da comunidade, conhecem os problemas existentes e que, em geral, são comuns à maioria das pessoas. Também, por estarem sempre próximos às famílias acompanhadas, sabem do que elas mais precisam, das dificuldades e necessidade que enfrentam, buscando juntos, formas de resolver estas questões junto ao poder público, a outras instituições, associações, igrejas, e outros, formando uma grande rede de apoio para aquelas famílias.
2 – Qual a situação das mulheres nessas comunidades?
Muitos voluntários relatam que se deparam com situações de extrema vulnerabilidade, como famílias sem ter o que comer, moradias precárias, esgoto a céu aberto, violência, entre outras condições, apesar de não termos dados sobre isso.
3 – Na visão da Pastoral, que atua veementemente em ações comunitárias, como a falta de ações básicas de saúde, educação, nutrição e cidadania propicia a desigualdade de gênero?
As ações da Pastoral da Criança nas comunidades vulneráveis tem como principal objetivo levar mais conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as famílias acompanhadas. Sabemos que o conhecimento tem o poder de transformação e queremos contribuir para que as famílias consigam realizá-lo, sem ficar na dependência do poder público, outras instituições ou pessoas externas. Por isso é preciso que as famílias tenham mais consciência dos seus direitos e de como buscá-los. E neste sentido nosso principal ponto focal é a mãe. Dar suporte, encorajamento e autonomia para essas mulheres é contribuir para que as crianças consigam atingir seu potencial de desenvolvimento e que toda a comunidade seja beneficiada.