Norte do país desperdiça mais da metade da água produzida nos sistemas de distribuição
A região apresentou piora no índice de perdas na distribuição nos últimos anos
No mês de junho, o Trata Brasil lançou a edição de 2022 do estudo sobre perdas de água intitulado: “Perdas de Água Potável 2022 (SNIS ano base 2020): Desafios para Disponibilidade Hídrica e Avanço da Eficiência do Saneamento Básico no Brasil”. O relatório foi feito a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano base 2020) e contempla uma análise dos indicadores de perdas do Brasil, das 27 Unidades da Federação e as cinco regiões, bem como as 100 maiores cidades – os mesmos municípios do Ranking do Saneamento Básico.
A média nacional no índice de perdas na distribuição é de 40,1%, ou seja, o Brasil desperdiça diariamente um volume de água tratada equivalente 7,8 mil piscinas olímpicas. Esse volume seria, portanto, mais que suficiente para levar água aos quase 35 milhões de brasileiros que até hoje não possuem acesso nem para lavar as mãos.
No Norte do país, os indicadores de perdas se configuram ainda mais preocupantes quando analisado a precariedade dos serviços de saneamento básico na região. A localidade perde mais da metade da água produzida nos sistemas de distribuição, isto é, 51,22% da água potável não chega de forma oficial para os moradores da região.
Gráfico 1 – Índice de Perdas na Distribuição de 2016 a 2020 por regiões
Quando observado o Índice de Perdas na Distribuição ao longo dos últimos anos, é possível concluir que a situação de perdas não é uma das prioridades da região. Entre 2016 e 2020, a região Norte apresentou um aumento de 3,9 p.p nas perdas nos sistemas de distribuição. No Norte do país quase 8 milhões de habitantes não tem abastecimento de água potável, a ineficiência da região no controle de perdas reforça a precariedade do acesso ao recurso hídrico essencial.
A região precisa voltar sua atenção para o problema de perdas, visando para que mais habitantes tenham abastecimento de água potável em suas residências. Além disso, com as metas estabelecidas pelo Marco Legal do Saneamento, todas as localidades do país precisarão fornecer água para 99% da população e esgotamento sanitário para 90% dos habitantes até 2033.
Segundo a Presidente Executiva do Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, a ineficiência no controle de perdas impacta diretamente nas metas do Marco Legal. “O problema impacta o desafio de universalizar o abastecimento de água, meta estabelecida com o novo Marco Legal do Saneamento, que visa garantir que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e coleta de esgoto, pois, como consequência, os investimentos tornam-se muito maiores para construir novas estações de tratamento de água e adutoras” – ressalta Luana Pretto.