A quantidade de água perdida nos sistemas de distribuição poderia atender mais de 66 milhões de brasileiros
Neste dia 1 de junho, o Instituto Trata Brasil em parceria institucional com a Asfamas e a Water.org, com elaboração da consultoria GO Associados lança o estudo “Perdas de água potável (2022, ano base 2020): Desafios para disponibilidade hídrica e avanço da eficiência do saneamento básico no Brasil”. Com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano base 2020), o relatório apresenta números que evidenciam a grande ineficiência na distribuição de água potável pelas localidades brasileiras.
Para além dos quase 35 milhões de brasileiros sem abastecimento de água potável, o país perde 40,1% de água nos sistemas de distribuição, ou seja, esse volume não chega de forma oficial para as residências brasileiras.
Esse valor em porcentagem da água perdida nos sistemas de distribuição no Brasil representa um volume equivalente a 7,8 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente ou mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira – maior conjunto de reservatórios para abastecimento do Estado de São Paulo. Mesmo considerando apenas os 60% deste volume que são de perdas físicas (vazamentos), quantidade suficiente para abastecer mais de 66 milhões de brasileiros em um ano, equivalente a um pouco mais de 30% da população brasileira em 2020. Poderia também atender, por quase três anos, aos mais de 13 milhões de brasileiros que habitam favelas.
O Instituto Trata Brasil acompanha a situação de perdas no país há anos e como é possível observar na tabela abaixo, esse número que deveria ter diminuído, vem piorando consideravelmente entre 2016 e 2020, no qual, ocorreu um aumento significativo de 2 p.p.
QUADRO 1 – Evolução do índice de Perdas na Distribuição – 2016 a 2020
Quando analisado o indicador de perdas de água na distribuição pelas regiões brasileiras, os resultados não diferem daquilo que é visto em outros indicadores de acesso ao saneamento quando olhamos regionalmente. A região Norte que possui os piores índices de saneamento, também é onde se registra o maior IPD, com 51,2%, isto é, a região perde mais da metade da água potável produzida. Não muito atrás, a região Nordeste também aponta indicador alto, com 46,3%.
Em seguida, aparece a região Sudeste que perde 38,09% da água potável nos sistemas de distribuição; enquanto na região sul 36,74% da água não chega de forma oficial para as residências dos estados. Com menor número de IPD entre as regiões do brasileiras, o Centro-Oeste perde 34,16 das águas nos sistemas de distribuição – acesso o estudo completo para informações de outras localidades do país: https://tratabrasil.org.br/pt/estudos/perdas-de-agua/itb/perdas-de-agua-2022.
Conclusão
Luana Siewert Pretto, Presidente Executiva do Trata Brasil ressaltou que o Instituto já acompanha a situação de perdas há alguns anos e evidenciou que os problema de perdas de água no país não demonstram melhora. A Presidente Executiva do ITB ainda alerta sobre o impacto desses números nas metas estabelecidas pelo Marco Legal do Saneamento Básico.
“O problema impacta o desafio de universalizar o abastecimento de água, meta estabelecida com o novo Marco Legal do Saneamento, que visa garantir que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e coleta de esgoto, pois, como consequência, os investimentos tornam-se muito maiores para construir novas estações de tratamento de água e adutoras, por exemplo, que não precisariam estar sendo construídas, caso houvesse redução das perdas ao longo do processo” – completa Luana Pretto.